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Errar é humano. Persistir no erro é egoísmo.

Atualizado: 3 de fev. de 2022

Por Oliver So


Eu sei que a gente sempre fala que é fundamental olhar muito mais para os acertos que para os erros. Identificá-los para manter os progressos e a motivação. Mas isso não significa que não devemos falar sobre esses eventuais erros. Dessa vez, vamos comentar sobre comportamentos dos tutores que precisam ser evitados.


O intuito de texto não é apontar dedos. Mas mostrar algumas situações e atitudes que são prejudiciais. Podem ser ruins a outros cães, outras pessoas e até mesmo a seu próprio cão ou a você. São atitudes que, muitas vezes, são feitas automática e espontaneamente. E se você faz propositalmente, esse é um convite para refletir.


Bullying no "cachorródromo". As áreas cercadas próprias para deixar os cães soltos, vulgos "cachorródromos", são excelentes lugares para socializar, gastar energia, oferecer estimulação mental para os animais. Mas nem todos os cães gostam ou estão aptos a frequentar. Cada tutor é responsável pelo seu cão e deve zelar para que ele não atrapalhe a boa convivência dos outros. Espaço público não é espaço onde todos podem fazer o que quiserem. Então, primeiro, certifique que é agradável para seu cão ir a um cachorródromo. Segundo, supervisione-o a todo momento para que seu cão não esteja sendo inconveniente com os outros. Alguns cães brincam de forma mais bruta mas nem todos, mesmo sociáveis, estão acostumados com brincadeiras dessa forma. Há também cães que montam nos outros, que é um comportamento inadequado e pode gerar conflitos.


Supervisão e guia em locais públicos. É bem parecido com o item anterior, mas em espaços abertos e com maior quantidade e diversidade de pessoas. Nós sempre recomendamos que se use guia SEMPRE em ruas, parques, praças abertas. É praticamente impossível você ter controle total do cachorro e das situações que acontecem ao redor. Andar sem guia é um desrespeito aos outros - cães e pessoas - e até com seu próprio cão. Falamos mais sobre isso nesse outro texto.


Forçar os cães a fazerem o que não querem. Ou o cachorro vai ficar sem reação, mas passando internamente por um grande estresse, ou ele vai escapar, ou ele vai reagir agressivamente. Nenhuma das situações é boa, principalmente para o animal. Forçar aproximação de outro animal, pessoa ou objeto, forçar colocar coleira, focinheira ou roupa, forçar cortar unha, tomar banho ou escovar os dentes, forçar que mude de lugar - entrar na caixa de transporte, descer do sofá, entrar no carro etc. Temos sempre que respeitar o que os cães sentem nesses momentos e ajudá-los a superar eventuais medos ou desconfortos. Para isso, muito treino de dessensibilização.


Provocar ou ignorar rosnados. Rosnado é um sinal comunicativo que o cachorro dá para demonstrar que não está confortável na situação. Ignorar pode causar acidentes que, geralmente, acabam culpando apenas o cachorro. Falar sobre provocar rosnado parece estranho, mas é muito comum. Pessoas acham graça de ver cães "demonstrando agressividade". Isso acontece mais com cachorros de porte pequeno. Apesar de um animal pequeno ter capacidade de causar feridas feias com sua mordida, há quem deboche de um animalzinho rosnando. É preciso entender que nenhum cachorro finge um rosnado. "Brincar" com a sensação de desconforto dele não é nada agradável e só vai destruindo, pouco a pouco, a confiança que o bicho tem na pessoa.


Normalizar comportamentos ruins. Latidos excessivos, perseguições de sombra ou reflexos de luz, "chega pra lá" em outros cães ou pessoas, rosnado quando o cachorro está no colo do tutor, possessividade com objetos, reatividade. Esses são alguns comportamentos que precisam ser avaliados caso a caso, mas geralmente são ruins para os cães. Ruins pois estão associados a estresse e desconforto do animal. Menosprezar ou dizer que é normal de cachorro é se acomodar e abrir mão do bem estar do bicho.


Agredir, intimidar, forçar submissão. Em tempos em que o autoritarismo está na moda, é preciso lembrar que praticar maus tratos é crime. Além disso, nenhum cachorro vai confiar totalmente em quem provoca medo, dor e desconforto nele. Mais uma vez, o bem estar do animal estará comprometido. A pessoa pode até achar que está fazendo o certo, mas ele não. Quem gosta e quer ter um bichinho na família, precisa cuidar, não maltratar. Se não quiser cuidar, melhor um bicho de pelúcia, que não sente dor nenhuma.


Desmotivar outros tutores. Se alguém tem um cachorro sociável, ativo, saudável, treinado, ótimo. Mas nem todo mundo tem. Não significa que essas pessoas são desleixadas ou más tutoras. Existe uma infinidade de fatores e situações que impedem que um tutor atinja esse nível ótimo com seu cão. Muitas vezes, o tutor está inclusive treinando seu bichinho, mas está no meio do processo. Julgar ou criticar não vai ajudar. Conversar, indicar livros, estudos ou profissionais de confiança pode colaborar. Se a pessoa não quiser dica nenhuma - e não estiver maltratando o animal -, paciência, não dá para obrigar.


Fazer vídeos que espalham desinformação. A internet tem muito conhecimento incrível, informação importante, dicas imprescindíveis. Mas também é um mar de conteúdo duvidoso. Diariamente, vemos vídeos mal interpretados sobre cães. A maioria das pessoas, por desconhecimento, acaba viralizando como vídeos fofos. Sempre que envolver cães - ou outros animais - em situações que pareçam fofas ou engraçadas, procure saber se, pelos sinais corporais específicos, o animal poderia realmente ter uma boa sensação naquele momento. Se ficar em dúvida, pesquise, consulte alguém com conhecimento ou simplesmente não compartilhe. Outras pessoas podem querer repetir o que viram no vídeo com seu animal em casa, mas pode não ter a mesma reação que o bicho do vídeo.


Se você se identificou com alguma das situações descritas, repense, leia, leve em consideração o que seu cachorro sente e as pessoas ao seu redor. Identificar um erro é o primeiro passo para começar a corrigi-lo. E aí sim passar a ter acertos e progressos.

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