Por Juliana Nishihashi
Cães mordem por diversas razões – filhotes mordem para aliviar o incômodo nas
gengivas pelo nascimento dos dentes, para brincar e como forma de treinar para a vida adulta, cães adultos mordem pois aprenderam a interagir com humanos e cães dessa forma e também para se defender ou proteger algo. Porém esse comportamento apesar de natural é bastante desagradável, e é necessário orientar o cão que esse comportamento não é aceito no convívio diário com pessoas ou com outros animais. Vamos dar algumas orientações sobre como lidar com essa situação de forma prática e positiva:
- Brigar não adianta! – Dependendo da forma que “brigamos”com o cão, podemos passar mensagens diferentes, principalmente se for um filhote – se brigarmos de forma branda, o filhote pode achar que estamos dando atenção ao ato, o que pode reforçar as mordidas e fazê-las mais frequentes; se brigarmos de forma bruta, o filhote pode se assustar ou traumatizar, evitando contato com humanos no futuro.
- Mordidas de filhotes – naturais e instintivas. Filhotes mordem pois é com a boca que conhecem o mundo. E isso inclui morder pessoas, não só objetos. Devemos demonstrar
que somos muito sensíveis e não toleramos mordidas. Para isso, devemos sempre interagir
com o filhote usando um brinquedo e incentivá-lo a morder, e reforçar esse comportamento. E se o filhote errar e morder nosso corpo, simplesmente falamos um “Ai!!” e paramos
completamente a interação, agindo como se tivesse nos machucado e ignorando o cão por
alguns segundos. Voltamos a interação logo depois, oferecendo um brinquedo para as
mordidas.
Com filhotes é importante também evitar brincadeiras que deixem muito excitados, como as clássicas brincadeiras de “lutinha”, pois elas ensinam o filhote a brincar de forma bruta e incentivam o uso da boca nas brincadeiras. Quanto mais agitado, mais o filhote morderá – mãos, braços, pernas, calçados... e com aqueles dentinhos afiados... É necessário ser consistente na nossa conduta de não tolerar mordidas do filhote, pois se cada membro da família ou amigos agir de forma diferente, passará recados confusos para o cão, o que pode fazer com que ele sempre tente morder pessoas para brincar na tentativa de descobrir quem “permitirá” tal interação. O cãozinho precisa aprender que ninguém gosta de sentir dentinhos afiados ferindo a pele!
- Mordidas por brincadeira em cães adultos – um pouco mais difíceis de contornar
do que #mordidas por brincadeira em filhotes, pois isso significa que esse adulto foi um filhote que aprendeu a intergir com a boca e já praticou isso por um bom tempo, portanto, já tem um comportamento estabelecido e reforçado. Esse cão precisará de muito
#enriquecimentoambiental para extravasar a energia diariamente. Muito treinamento de auto-
controle, com exercícios de ‘fica’ e não roubar alimentos da mão ou do chão, e outros truques
divertidos. E principalmente, ensinar o cão a brincar com pessoas com brinquedo na boca (os
para cabo de guerra especialmente) e reforçar este comportamento. É importante lidar com
cães adultos mordedores com muita calma, incentivando atitudes mais tranquilas do cão e
evitando atividades altamente excitantes e descontroladas.
- Mordidas por defesa, medo ou posse – muitos tutores consideram normal quando um cão tenta abocanhar alguém que se aproxima de um brinquedo ou osso, ou ainda quando o cachorro morde por não permitir que toquem em suas patas ou orelhas, por exemplo. Apesar
de totalmente compreensível, esses comportamentos não podem ser encarados como normais ou permitidos, pois indicam que o cão está passando por um alto grau de estresse causado por associações ruins com a presença de humanos. Um cão precisa estar habituado com a proximidade de pessoas de seus brinquedos e alimentos, e considerar manipulações corporais e exames situações cotidianas. No caso de mordidas desses tipos, nossa principal sugestão é não forçar o cão a tolerar nossas ações – ou seja, não submeter o cão a manipulações forçadas ou retirar a força objetos que estejam com ele. Demonstrações agressivas com mordidas precisam de acompanhamento de um especialista em comportamento canino que use métodos positivos e que possa orientar a família de forma especializada.
Artigo publicado originalmente no blog Autenticão (autenticao.com)